Tomás Vaquero, Bispo

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BREVE BIOGRAFIA
DOM TOMÁS VAQUERO, BISPO
(1914-1992)

Tomás Vaquero nasceu no dia 26 de março de 1914, na fazenda Campo Alegre, zona rural situada da cidade de Pirassununga, estado de São Paulo, onde passou a infância. Portador de espírito alegre e brincalhão, fazia anedotas com as situações simples do dia-a-dia, inclusive a respeito de si mesmo. “Quando nasci”, comentava ele, “eu era tão feio, que o povo dizia: Coitadinho” É tão feio, vai ser bispo”. Gostava muito de montar e resolver charadas da língua portuguesa. Nessa linha, comentava sempre que era menos do que seus fiéis. Dividindo o vocabulário bispo em suas duas sílabas (bis-po), expunha a seus ouvintes que eles eram só uma vez pó, e ele, em vez de bispo, era “bis-pó” (pó duas vezes).

A humildade foi uma das principais características de sua vida.

Ingressou no seminário menor na cidade de Campinas, estado de São Paulo em 03 de fevereiro de 1930 e foi ordenado sacerdote em 12 de abril de 1941, na arquibasílica de São João de Latrão, Roma, sob as mãos de Dom Aloísio Traglia. Na década de 1940, teve como ministério principal o trabalho no Seminário Central do Ipiranga, em São Paulo; na de 1950, dedicou seus trabalhos à Faculdade de Campinas. Em torno desse eixo desenvolveu intensas atividades pastorais que, com disposição de ânimo, fazia de seu ministério sacerdotal a razão primeira de sua vida, não só na formação dos vocacionados, mas igualmente na pregação contínua do evangelho.

O assoberbamento das atividades oficiais, porém, não o afastava da simplicidade da essência de seu sacerdócio, revestido de singeleza angelical.

Depois de quase vinte anos desenvolvendo atividades intelectuais e de magistério, em 6 de janeiro de 1960, recebeu a nomeação de “encarregado” da Paróquia São José, de Mogi Mirim, da qual tomou posse no dia 31 seguinte, tendo anotado no livro do tombo da paróquia: “Posso asseverar, e para testemunho dos pósteros deixo exarado neste livro, que não obstante ser pároco bisonho, pouco me custou a ambientação pela tão bondosa (acolhida) que me fizeram e pela proverbial e tradicional religiosidade desta Paróquia”.

Impressiona sua infatigável solicitude pastoral, pois já no final de seu primeiro ano na paróquia, anota que havia realizado 60 entronizações do Sagrado Coração de Jesus, acrescentando: “Durante o ano o pároco procurou visitar seus paroquianos, levando para seus lares a benção da Igreja. Umas 500 famílias foram visitadas.” Nunca se furtou a se fazer Igreja presente junto ao povo. Fazia dos acontecimentos populares um motivo para se juntar às alegrias e tristezas de sua comunidade, presenças essas realizadas por quem ama a Deus no próximo e se posiciona de maneira consciente ante sua responsabilidade humana e espiritual, consciente de que havia sido ordenado não para si, mas aqueles nos quais se devia ver o próprio Cristo.

Foi nomeado bispo em 6 de julho de 1963; a alegria do povo foi imensa, mas dom Tomás Vaquero, na sua clara e franca humildade, anotou: “com modéstia, sentimentos de gratidão, recebi a nomeação e os cumprimentos, vendo em tudo isto a manifestação da vontade do SS. Deus.”

Após sua sagração em 15 de agosto de 1963, rumou para a sede da diocese de São João da Boa Vista, onde tomou posse em 1º de setembro de 1963, onde permaneceu como pastor por quase 28 anos, tendo participado de quatro sessões do Concílio Ecumênico Vaticano II, ao mesmo tempo em que, acolhendo serena e alegremente as suas novidades, implementou-as rapidamente nas paróquias da diocese. Dom Tomás encarnou o protótipo da passagem de uma Igreja pastoralmente arraigada na tradição de então para uma Igreja que, embora ainda não resplandecente, já começava a limpar a poeira que os séculos haviam acumulado sobre seu rosto, como havia solicitado o Papa João XXIII.

Numa época em que se constatou o fechamento de muitos seminários, D. Tomás começou a construir o seminário na diocese, o que lhe acarretou forte resistência, inclusive de bispos, que o tinham como “retrógado”. Ele, em silêncio obsequioso, continuava a sua luta, tanto que as vocações prosperaram na diocese e, a partir daí, muitos dos sacerdotes formados sob sua época passaram a trabalhar em outras dioceses brasileiras e até no exterior.

Mais do que atitudes notórias, D. Tomas era incansável na prática da caridade no dia a dia. Lembrava-se dos nomes das pessoas de todos os cantos da diocese, brincava com as crianças, atendia confissões como um vigário de uma pequena cidade, tinha misericórdia para com os pecadores, acompanhava pessoas doentes e aflitas ao hospital.

A espórtula da crisma, que por direito lhe pertencia, empregava-a totalmente na construção do seminário de seus sonhos. Também, sempre esteve atento aos problemas dos mais necessitados, sobretudo em época de calamidade.

Seus sentimentos, emoções, impulsos e instintos sempre caminhavam sob uma fé inquebrantável. Não pronunciava palavras que ferissem ou pudessem macular a pureza de alguém. Mesmo nas brincadeiras, com quem quer que seja, sua inocência era espontânea e não apenas controlada: fazia parte da estrutura de sua personalidade.

Possuidor de uma voz aparentemente cansada, andar um pouco trôpego e vestes talares simples, causavam a impressão de alguém que suportava dolorosamente os imprevistos violentos da vida, sobretudo de um bispo, em época de franca mudança. Porém, mantinha-se sempre em prontidão e se consumia por seu rebanho: visitas pastorais prolongadas, permanência nas paróquias onde os párocos estavam ausentes; dedicação extrema em implantar o Concílio na diocese; confessor presente em todas as confissões comunitárias da diocese; incentivador de cursos bíblicos.

A oração gestada no coração de Dom Tomás Vaquero, criada ainda quando filósofo (26/10/1936), ressalta a importância da vivência das virtudes teologais e cardeais em sua vida.

“Senhor Jesus, acendei dentro do meu coração o vosso santo e ardente amor, e então eu correrei à procura das vossas almas e serei solícito e pronto para desviá-las do mal e das ciladas do demônio. Ponde amor no meu coração, caridade na minha alma, paciência nos meus ombros, fortaleza nas minhas mãos, prudência nos meus olhos, cautela na minha boca, e então eu serei o vosso instrumento, que vos pertença totalmente. E para que não haja desvios e orgulho da minha parte, tirai o intelecto de mim nas coisas que a Vossa Mão realizar por meio deste vosso inútil instrumento, para que não se glorie a enferrujada enxada na mão de seu possuidor”.

Vencido pelo enfraquecimento de sua saúde, faleceu no dia 02 de agosto de 1992, após ser internado em hospital da cidade de Campinas, onde seria submetido a uma cirurgia cardíaca, tendo como causa mortis: parada cardiorrespiratória, distúrbio eletrolítico, diabetes descompensada, pneumonia cardiopatia.

Seu velório foi um acontecimento ímpar na diocese, com a presença de uma multidão de fiéis, sacerdotes, autoridades e bispos. Dom Dadeus Grings, seu sucessor, escreveu: na missa exequial, às 14 hs. estavam presentes 14 bispos, 86 sacerdotes e uma multidão de fiéis, cuja metade ficou do lado de fora do recinto da ampla Catedral de São João da Boa Vista.

Seus restos mortais estão na Catedral de São João da Boa Vista. Seu túmulo é muito visitado, demonstração concreta de sua fama de santidade que venceu o tempo e continua até hoje.

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